quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Os meus votos

Aproxima-se a noite em que fazemos uma perspetiva do ano que termina e renovamos sonhos, desejos e pedidos.
E eu não fujo à regra. Ano após ano fazemos estes dois exercícios, muitas vezes chegamos à conclusão que nada mudou em relação ao anterior e repetimos os votos.
Olhando para trás, este meu ano que termina foi a continuidade dum ano em que ocorreu uma grande mudança, logo foi ano de fortalecer alicerces. Foi um ano de evolução, de grandes aprendizagens profissionais e pessoais.
Ter sido um ano de continuidade não significa que pretendo o mesmo para o ano que aí vem. Sonhei, vou voltar a sonhar, mas sonharei diferente. Arrisquei, vou voltar a arriscar, mas arriscarei diferente. Desafiei-me, vou voltar a desafiar-me, mas desafiar-me-ei de forma diferente.
A esperança só pode existir de mantivermos a nossa capacidade de acreditar. E eu acredito, acredito que para alcançarmos o que queremos apenas dependemos de nós mesmos. Basta escolher sabiamente os caminhos que queremos seguir, ver com olhos de ver todas as opções, em todas as direções.
E nunca esquecer, só podemos crescer, só podemos fazer diferente se nos desafiarmos, se arriscarmos a sair da nossa zona de conforto, se deixarmos para trás o que não nos leva a lugar algum.
A todas as pessoas que têm lugar no meu coração, desejo que 2017 seja um ano em que sonhem muito e, acima de tudo, vivam muito. Com saúde, muita saúde.

São os votos do vosso amigo,

Jorge Gomes




O desencanto do Natal

Como já frisei anteriormente, o Natal é a época do ano que vivo com uma tranquilidade intensa, em que sinto tudo o que me rodeia de forma diferente. Se isto acontece deve-se ao facto de, quando era pequeno, um conjunto de pessoas me ter feito acreditar e incutido na magia do Natal.
Quem foram essas pessoas e o que fizeram? Primeiro as pessoas…pais, tios e avós, aqueles com quem passava a véspera e o dia de Natal e aqueles que conviviam comigo diariamente. E o que fizeram? Com dedicação, com ternurenta dedicação, com mentira, a mais terna das mentiras, fizeram-me acreditar no Pai Natal. Acreditei, se não me engano, até aos 9 anos (como era boa a inocência daqueles tempos) e tudo graças à imaginação e à vontade dessas pessoas em quererem ver o brilho de encanto que me invadia os olhos nessa noite.
Havia a indispensável carta ao Pai Natal. Não havia prendas à vista com antecedência. Faziam trinta por uma linha para eu sair de perto da lareira para eles porem as prendas e dizerem que foi o barbudo. Quantas vezes saí à rua quando me diziam que tinham avistado o trenó e eu saía disparado na ânsia de o ver! E acreditem, cheguei a vê-lo! Não havia aquela preocupação narcísica de saber quem é que deu as prendas…era sempre o gordo! O que se fazia, por exemplo, era que as prendas dum tio eram entregues no dia a seguir e dizia-se que foram as prendas que o Pai Natal deixou na casa desse tio. Era a altura em que recebíamos presentes diferentes, aqueles brinquedos ou livros que jamais recebíamos ao longo do ano. Aqueles brinquedos que íamos usar até dizer chega, que íamos conservar como se fossem o maior tesouro à face da Terra. Dávamos, sabíamos dar valor ao que tínhamos. Ainda devo ter, algures numas caixas, grande parte dos meus brinquedos. Velhos, gastos, mas ainda conservados.
Hoje em dia fere-me ver a morte da magia do Natal. Não se confunda magia do Natal com desespero em receber muitas prendas. Os miúdos sabem cada vez mais cedo que o homem de vermelho não existe. Sabem que são os pais ou que é o tio x ou o tio y a dar as prendas. Por preguiça ou falta de imaginação das pessoas em fazer acreditar. Pelo interesse egoísta de se querer que saiba quem deu o quê. Temos os presentes na árvore de Natal muito antes da meia-noite. E eu tenho pena, pena em primeiro lugar dos pequenos que se vêem privados do encanto natalício; pena em segundo lugar pelos adultos que se negam de experienciar o olhar maravilhoso duma criança crente; pena, em terceiro e último lugar, por morrer a crença numa época mágica, para se ficar apenas pelo consumismo desenfreado.

Apesar de tudo eu acreditei, acredito e continuarei a acreditar na magia do Natal. Por muito que a veja a definhar, por muito que eu veja falta de vontade dos adultos em manter a mais bela mentira do mundo, eu lutarei por ela. Pela minha parte, nenhuma criança será privada da bela inocência da sua infância.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

It’s Christmas time…

Estamos em plena época natalícia, aquela que é, porventura, a minha preferida do ano. Adoro o Verão e por mim sê-lo-ia todo o ano, mas teria que chegar a esta altura e teria que estar este friozinho que aquece a alma de muita gente.
Não sei explicar ou talvez seja difícil fazê-lo, mas no Natal (não apenas o dia em si) as pessoas soltam uma aura de bem, de positividade, de compreensão, de paciência, muitas vezes ausentes no resto do ano. Por um lado é pena, por outro revela o que de bom a humanidade ainda tem para oferecer.
Não falo, obviamente, dos bens materiais, de todos os brinquedos que cada vez mais fazem menos sentido. Há uns vinte e poucos anos, esta era a altura em que se podia receber algo diferente do que se recebia no resto do ano, algo que ia ter um lugar de destaque nas nossas prateleiras ou da qual iríamos usar e abusar. Hoje, duma forma geral, as prateleiras já não têm espaço para mais nada ou as caixas estão cheias de coisas novas. Diz-se que Natal é sempre que o homem quer e infelizmente acho que se chegou a esse ponto.
Porém, dá-se muito mais que bens materiais nesta altura. Dá-se tempo, dá-se amor, dá-se presença, dá-se tudo que tem mais valor que o valor monetário. E eu gosto de andar na rua, agasalhado, a sentir o frio a bater na cara, com as músicas de Natal a voarem em todas as direções e as luzes que animam as cidades a alegrarem-nos as vistas. Adoro estar com as pessoas que muito me dizem, aquelas que têm lugar reservado no meu coração. Seja numa mesa de café, num passeio de fim da tarde, numa mesa de jantar.
Há anos que não tenho o costume de pedir o que seja. Tenho, a nível material, não direi tudo o que quero, mas tudo o que preciso. De resto peço para todas as pessoas que integram a minha vida apenas saúde, para que possamos todos, ano após ano, viver novos e inesquecíveis momentos.

Feliz Natal e um Próspero Ano Novo a todos!



domingo, 4 de dezembro de 2016

Medo

O medo é algo presente na vida de toda a gente, mesmo daqueles corajosos que dizem desconhecê-lo. Eu não tenho problemas em admiti-lo, ter medo não é mau, mantem-nos alerta…mas nunca pode chegar ao ponto de nos tolher os movimentos e os sentimentos.
Por exemplo, tenho medo de morrer, assumo sem nenhum problema. Sei que a vida é demasiado incerta e cruel para seguir um rumo normal e que as coisas não acontecem só aos outros. Diz-me a minha experiência de vida e profissional. Sei que de cada vez que me deito, o acordar não é garantido, tal como acordar não é garantia que me vou deitar à noite. Simplesmente não vivo, nem posso viver obcecado por isso, senão deixaria de o fazer. Mas sei que posso ser privado de viver os sonhos ainda por cumprir.
Logo, é esse meu medo que me leva ao maior deles todos. Ver o pano da minha vida descer sem tu saberes o quanto te quero, o quanto te desejo, o quanto te amo. Sem saber se leste tudo o que escrevi para (de) ti. Sem ter a oportunidade de te dizer pessoalmente tudo isso, cara a cara, olhos nos olhos, lábios nos lábios. Sem ter a possibilidade de te acariciar, corpo e alma; sem ter a possibilidade de sonhar junto a ti; sem ter a possibilidade de te ter no meu ombro, no meu peito ou nos meus braços; sem ter a possibilidade de olhar para ti, com os olhos a brilhar, e dizer-te o quanto viraste a minha vida de pernas para o ar e o maravilhoso que isso foi.
De resto nada mais me mete medo. Não tive medo de arriscar e assumir o que sinto por ti. Porquê ter medo de algo tão bonito? Não tive medo que pudesses não gostar de mim, porque, queres que te diga, acho que gostas (mesmo que ainda não o saibas ou admitas). Não terei medo de dar um passo em frente, porque simplesmente acredito que vai dar certo (já diz a minha amiga Mariza “acreditar sem ver”). Sem pensar em “ses”, em possibilidades imaginárias, em temores infundados, em mágoas que não existem. Darei esse passo com todas as “ganas” de agarrar a oportunidade, com a única intenção de, dia após dia, todos os dias da tua vida, te fazer a mulher mais feliz. Sabes que é o mínimo que mereces, não sabes? E não te preocupes, serei o homem mais feliz ao fazê-lo!
Eu para ter a certeza de tudo o que te digo fiz um exercício mental. Imaginei o meu mundo sem ti…durou uns segundos e foi mau demais para conseguir descrever.
Faz o mesmo, imagina um mundo em que eu desapareci…sei que às vezes é difícil fazê-lo quando temos a pessoa por perto e pensamos que sempre será assim. Mas tenta, sem medo…não precisas de me dizer a reposta.


P.S. – Antes que seja tarde, deixo-te aqui escrito, para que o saibas de cada vez que te deitas ou de cada vez que acordas…amo-te.





domingo, 27 de novembro de 2016

Não é exagero…é sentimento!


Dizes que exagero sempre que te elogio…mas que exagero existe quando se fala a verdade? Quando seria preciso inventar um novo dicionário para aproximar o que digo com o que realmente penso?
Pode não ser a verdade do resto do mundo, mas é a maravilhosa verdade absorvida pelos meus olhos. E que mais interessa além do que os meus olhos captam e o meu coração sente?
Eles penetram no teu olhar e percorrem o teu interior em busca do desconhecido, em busca da compreensão que possa ajudar a conquistar-te. E nessa viagem, nessa perigosa fantástica viagem, eles observam para lá do que se vê por fora. Vão muito além do sorriso mais cativante que conheço. Vão muito além do mexer no cabelo que me delicia. Vão muito além do corpo exterior, sem dúvida belo, mas que seria insuficiente para me enfeitiçar.
E que vêem eles? Um ser mágico, cheio daquela magia que rareia pelo mundo. Poucas pessoas têm a capacidade de chegar a um lugar e, só pela sua presença, oferecerem uma aura positiva. És um ser pleno de bondade, daquela verdadeiramente sincera, daquela que vem do fundo do coração, daquela que não espera nada em troca. És a doce candura encarnada num corpo de mulher. És “mãe” dos filhos de outras, disfarçada no papel em que tanto te empenhas, que tanto adoras, que tanto amas…e que eu, de verdade, admiro imenso. Não apenas o papel, mas a dedicação que pões nele.
O palpitar do meu coração ou aquele friozinho na barriga, que alguns teimam em dizer que são borboletas, quando te aproximas; aquela ansiedade boa que se vê no dedilhar frenético ou no síndrome das pernas inquietas quando te sinto perto; aquele arrepio agradável que sinto quando me tocas…tudo isto é provocado pelo teu eu, pela energia que emanas de ti e é absorvida por mim e não pelo que os meus olhos alcançam.
És bela por fora, sem dúvida, mas é quem tu és que me fez apaixonar por ti. Podes ter dúvidas, podes não acreditar nas minhas palavras, mas eu não sou igual aos outros. Seria, para mim, impossível dizer o que digo se não fosse o que sinto. Gosto demasiado de ti para iludir-te com promessas vãs, magoar-te seria como se me magoasse a mim mesmo. Aliás, eu não prometo, não posso nem acho que tenho de prometer nada. Sei que no momento em que consigas provar a sinceridade das minhas palavras, será o momento em que as tuas incertezas, os teus medos se dissiparão. Como a neblina que desaparece com o sol!
Não te deixes enganar…por muito que te diga que és bela, linda ou bonita, és tu e só tu que tens a capacidade para me encantar, mas, quando o disser, que saibas que não há exagero algum quando se ama.




sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Simplesmente…Mariza!

Acabo de chegar a casa após assistir ao concerto da Mariza. Ia com elevadas expectativas, para ouvir pela primeira vez uma das maiores bandeiras do nosso Portugal, que granjeia aplausos até do outro lado do mundo.
Gosto de escrever ainda com os sentimentos à flor da pele, pois é da maneira que os consigo descrever melhor. E como foi o concerto? Pavilhão cheio, tudo sentado, som e luzes numa sintonia perfeita, assistência ansiosa e, no meio disso tudo, a artista, a enorme artista Mariza! Dona de uma voz ímpar, surpreendeu (pelo menos a mim que não a conhecia) com a intimidade e a emoção com que interagiu com o público. Um sentido de humor apuradíssimo e uma simplicidade pura em palco conquistaram-me. Pode-se dizer que a Diva desceu à terra e andou no meio dos que a admiram, com duas horas de fado, alegria e festa a parecerem dois minutos.
Não sou propriamente um amante de fados, mas aprendi a ouvir e a gostar do fado cantado pela Mariza. Tem fados que me tocam, fados que mexem comigo, com o meu estado de ânimo. E ouvidos ao vivo? Arrepiam, arrepiam o corpo e a alma.
A mostrar que é grande, deu prova disso ao largar o microfone e cantar como se faz nas casas de fado de Lisboa…só que desta vez numa casa com milhares de pessoas, em puro silêncio, em puro deleite, a ouvir a fadista que é de todos nós.
Merecida ovação final em pé, com uma multidão rendida e encantada. Há espetáculos que valem cada euro do preço do bilhete, este valeu ainda mais. 
Para aumentar ainda mais a minha admiração, após o concerto aguentou estoicamente uma improvisada sessão de autógrafos e fotografias, de pé, sempre com um sorriso amável e sincero, com palavras de apreço, apesar do evidente cansaço.
Posso dizer, sem medo nenhum, que Mariza e Cristiano Ronaldo são legítimos sucessores de Amália e Eusébio como figuras maiores do nosso país. Deixemo-nos de pudores, os dois últimos foram Reis no seu tempo, com pequena ajuda dum regime que os usou como bandeira. Os dois primeiros, são donos e senhores deste tempo, do meu tempo, sem regimes, são o alento de um povo muitas vezes à deriva. Mariza, para mim, é maior que Amália…fez-me apaixonar pelo fado. Cristiano, na minha opinião, é maior que o meu Eusébio…fez-me festejar a glória máxima no futebol. Por todos tenho enorme respeito.
Sinto-me privilegiado por ter assistido ao vivo aos espetáculos dos dois. Hoje, o melhor deles, de todos os que assisti até hoje. Sabes Mariza, desculpa tratar-te por tu, para mais depois de me perguntares se o autógrafo era “para você?”, mas devo confessar-te uma coisa. Saí feliz, muito feliz do teu concerto. O meu mais sincero obrigado!

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Dez minutos...

Estava à espera de te ver, ansiava estar contigo, percorriam-me aqueles suores frios que não suam. O meu coração batia como se tivesse acabado de fazer uma maratona. Os meus dedos inquietos num tique nervoso, como se fosse um pianista. Os segundos pareciam minutos, os minutos horas.
O vento rugia de forma assustadora, fazia as árvores tremerem de medo, as folhas voavam num voo sem sentido, a água caía incessantemente.
Até que, por fim, chegaste tu, no início e no meio da chuva, no meio da escuridão, apenas uma sombra. Normalmente temos receio das sombras, eu não, apenas desejava ser envolto pela tua.
Mal entraste senti o teu doce aroma, como se estivesse no meio do mais belo e florido jardim em pleno Outono. Quando te sentaste e olhei para ti fez-se dia no meio da noite, foste o Sol que apagou a escuridão. Os teus cabelos ondulantes a espalhar um charme só ao alcance das divas, apesar de nenhuma delas ter o teu encanto. E o teu sorriso…já te falei sobre ele? Começam a faltar-me palavras para dizer o que provoca em mim.
A viagem foi curta, demasiado curta, os dez minutos mais rápidos de sempre. Eu em piloto automático, como se fosse o condutor da mais bela das princesas, tu sendo a mais bela Princesa. O resto da noite…valeu a pena por estar contigo, por te ver rir, sorrir, dançar, foi quase perfeita. Apenas será perfeita quando acabares nos meus braços, quando provares este sentimento que foi nascendo em mim.
Não adianta disfarçar, não adianta negar a mais pura das evidências…mexes comigo, da forma mais linda que se pode mexer com alguém. Desnudas-me de todas as armas que tenho, de todas as seguranças, de todas as certezas, mas ao mesmo tempo deixas-me sem nenhuma dúvida…és aquela por quem vale a pena esperar!


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Bullying...a solução do problema

Cada vez mais são os casos de bullying que ocorrem nas escolas e fora delas, quer seja perpetrado a solo ou em grupo. Vê-se jovens que são privados de ter uma adolescência normal devido a acossos dos seus pares.
Será que no meu tempo já existia? Sim, claro que sim, embora não se desse um nome tão chic e não houvesse tão grande número de casos. Também é verdade que estávamos mais preparados a nível psicológico para as maldades provocadas pelos nossos colegas. Eramos afetados, mas conseguíamos arranjar estratégias para ultrapassar essas situações. Mas então, o porquê do boom deste estrangeirismo?
A meu ver, tudo começa em casa, no seio familiar, do indivíduo que vai praticar bullying sobre outros (desculpem os paizinhos que se possam ofender, mas os pequenos seres que têm em casa são indivíduos com atividade social). As crianças (sim crianças) ou adolescentes que praticam esta religião denotam, em todos os casos, uma gritante falta de disciplina, de valores e princípios, sendo o maior deles a falta de respeito pelos demais. E isto, meus caros, aprende-se desde pequeninos em casa, não é a escola que o tem que fazer (quanto muito, reforça). Além disso, são indivíduos com visível baixa autoestima que, para se sentirem superiores, atacam outros que a terão ainda mais baixa que eles. A própria competição criada pelos pais, em como têm que ser os melhores, ou próprias quezílias entre pais, a meu ver, podem originar estes comportamentos. O que os pais são e fazem é absorvido pelos filhos. Por isso defendo sempre que o exemplo é a melhor maneira de educar e ensinar.
Claro que não existem pais cujos filhos praticam bullying…“O meu filho era incapaz de fazer isso!” ou “Se fez isso é porque o outro também lhe fez alguma coisa!”. Na hora de se apurar responsáveis, os miúdos de repente ficam órfãos. Muitas vezes são-no, não literalmente claro, pois ter pais nem sempre significa ter pais.
Este distúrbio comportamental vil e de baixo nível origina problemas psicológicos e físicos nas vítimas, podendo levar ainda a casos de fracasso ou abandono escolar e, em último e pior caso, a suicídio. Quem ofende alimenta-se dos insultos e agressões que o fazem sentir-se superior, perante uma vítima indefesa, logo estas situações tendem a piorar.
Depois há escolas metidas ao barulho, processos, inquéritos, psicólogos ou psiquiatras, pais etc. Encontram-se soluções que não são soluções, são “tapar o sol com a peneira”, um adiar do problema. E quando se adia um problema as coisas apenas pioram.
E este problema começa logo nos infantários, passa pelas primárias e continua nos seguintes ciclos. Por isso o bullying só tem um meio de terminar…a reação assertiva, firme e revoltada da vítima. Sim, isso mesmo, um murro bem dado, no momento e hora certos, acaba duma vez só com o papel de vítima e o papel de agressor. A única maneira de acabar com esta praga é não a deixar começar. Tenho a certeza que se um miúdo de seis anos, ao ser importunado por outro, reagir da maneira que defendo, nunca mais vai ser vítima de bullying e o outro nunca mais o vai praticar.
Treino meninos a partir dos cinco anos, todos eles potenciais ou atuais vítimas de bullying. Digo-lhes, intransigentemente, que não podem bater em ninguém, que não podem usar o que aprendem no Karate fora do Dojo. E ai deles que eu tenha conhecimento disso. Agora, também lhes digo que, se alguém lhes tentar bater, estão autorizados a defenderem-se. Acredito que se o fizerem estão a dar um contributo enorme para a sociedade.
Sim, podem-me me vir com teorias sobre pedagogia, sobre direitos das crianças, sobre o que seja…um murro é mais simples, mais barato, mais rápido e mais, muito mais eficaz que qualquer teoria.


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A leveza da pena que te escreve

Têm-me dito que os textos que te escrevo são bonitos. Sinceramente não o sei, mas acho lindo tudo o que vai no meu interior.
Escrever-te ou escrever sobre ti tem sido uma necessidade, a forma de extravasar o que sinto. É sufocante querer gritar ao mundo o que vai cá dentro e não o poder fazer…bem, ao mundo talvez não, mas a ti, só a ti, sem dúvida alguma. É a forma de me declarar da maneira como nunca me permitiste fazê-lo. Seja de manhã, tarde ou madrugada dentro, é libertador dirigir-me a ti, mesmo que te fale sem me ouvires ou componha sem que me leias.
Gosto de escrever, mas há alturas que os dedos, escravizados pela mente (ou será pelo coração?), são impelidos a fazê-lo num desenfrear de letras, palavras e frases. E o que me sai da alma é a sinceridade no seu estado mais natural, desprovida de palavras vazias e de adjetivos ilusórios.
Não querendo qualificar o que escrevo, tenho noção que escrevo melhor sobre (para) ti do que sobre o resto. Não imaginas o fácil que é, diria que a escrita flui como se fosse pincelada com uma pena, como se escrevesse uma dessas cartas lindas do antigamente dirigidas a uma bela donzela.
O porquê disso? Creio que para qualquer obra de arte tem que haver uma fonte de inspiração…e tu és a minha, embora os meus escritos de arte tenham pouco e não façam jus ao que sinto. Não na intenção, pois dela estão cheios, mas por ficarem aquém, muito aquém de todas as sensações que me percorrem o corpo.
És a minha musa, mas não apenas para o escritor. És a minha musa diária, a que me inspira para ser melhor enfermeiro, para ser melhor formador de crianças, para tentar ser melhor pessoa.
Sabes qual a minha dúvida? Aquela que me tira o sono da noite e que me inquieta de dia? Será que se as outras pessoas conseguem “ver” o que eu sinto, tu também o vês?
Contudo, textos são apenas palavras, anseio, isso sim, o dia que te possa sussurrar isto tudo ao ouvido ou que te possa demonstrar com atitudes que as minhas palavras não são ocas…apesar de crer que todas as minhas atitudes em relação a ti o demonstram, que venha o dia em que o consigas perceber.





quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Cicatrizes do passado…sonhos do futuro

O passado, uma palavra que em si nos leva a viver um remoinho de sentimentos…alegria, amor, saudade, tristeza, rancor, culpa, perdão. Ninguém é órfão de passado, do que nos faz sorrir, do que nos faz chorar.
Há cicatrizes que os tempos idos nos deixam, tão profundas como se tivessem sido marcadas com um ferro em brasa. Cicatrizes que doem ao passarmos a “mão” por cima delas, tão profundas que vão interferir no nosso presente e futuro.
Em vez de deixar que as minhas cicatrizes (oh sim, também as tenho e profundas) fossem mais fortes do que o que sinto, em vez de as deixar impedir-me de tentar, apaixonei-me por ti de peito feito, desnudado de medos imaginários e armado de sentimentos sinceros. O que recebi em troca? Ao apareceres na minha vida foste (sempre sem o saberes) curando as feridas que eu tinha, o medo que amores passados deixaram começou a desvanecer, a desconfiança que tinha em confiar perdeu força. O meu coração passou de um lento batimento para uma ardente pulsação, os meus olhos viraram estrelas cintilantes que brilham mais intensamente na presença da tua luz. Ressuscitei de uma morte viva e tu foste o choque que me fez despertar.
Todos nós temos um passado, tu tens o teu, eu tenho o meu, mas ao invés de te julgar pelo meu, permiti que me fizesses acreditar que o presente poderia ser diferente.
E foi e é. Porque tu nunca fizeste parte do meu passado nem dos erros nele cometidos, fazes, isso sim, parte do meu presente. E como é belo o meu presente quando estou contigo. Mesmo quando estás ausente no teu mundo, explicar o que sinto ao poder contemplar-te, ao poder sentir-te, é algo que não está ao alcance das palavras.
Eu sou um sonhador e sei que tu és uma sonhadora. E é apaixonante ver a maneira como sonhas acordada. Basta ver como seguras, olhas e sentes um pequeno ser no teu colo. E eu também sonho acordado ao ver-te sonhar. E se antes o rosto com que eu sonhava era um rosto desfocado e anónimo, hoje ele tem nome e as feições bem nítidas…tem os teus olhos, o teu nariz, os teus lábios, o teu tom, o teu resplandecente sorriso.

Vem, vamos sonhar juntos?







terça-feira, 1 de novembro de 2016

Os dias que jamais esquecerei

Hoje parece que é dia de vos recordar, como que, por ironia, fosse preciso um dia para o fazer.
São muitas as vezes que vos recordo e não podia ser de outra maneira. Perdi pouca gente nesta vida, mas as poucas pessoas que vi desaparecer foram pilares da minha existência. Viram-me nascer ainda bebé e, felizmente, viram-me a crescer e tornar-me um homem (jovem). Não o que sou hoje, mas o que sou hoje é, em parte, graças a vocês e a tudo o que me deram, mas acima de tudo…por vocês.
Lamento que não possam, um dia, conhecer a mulher que será tudo para mim; que não possam, um dia, estar presentes no meu casamento e ser parte dele; que não possam, um dia, conhecer um(a) filho(a) que será o centro do meu universo. Lamento, o lamento mais profundo da minha alma…mas a vida segue uma linha que não permite voltar atrás.
Deixaram-me marcas bem profundas no meu ser e cada um plantou em mim raízes do melhor que tinham. Por isso a saudade, a imensa saudade todos os dias que vos recordo.
Sabem, há lembranças, há imagens que já não estão tão nítidas na minha memória, memória que me vai traindo com o passar dos anos. Porém há uma lembrança bem viva…as datas, os locais e o que fazia no dia em que vos perdi.
Hoje ia no carro, ia ao vosso encontro, e estava a ouvir a “Chuva” da Mariza…acho que música mais adequada não poderia haver…

“Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer!”

domingo, 30 de outubro de 2016

O sonho que está por chegar

Cheguei, entro na casa e vejo as tuas sombras ocultas detrás de corpos gigantes. Sem te ver, senti a tua fragilidade, a tua dependência, o teu encanto.
Eras o centro das atenções e, sem surpresa alguma, dominaste a minha atenção também.
Os teus olhos inocentes hipnotizaram-me.
O toque suave da tua pele seduziu-me.
O teu sorriso sincero derreteu-me.
Depois de andares dum lado para o outro vieste ter aos meus braços. Sentir o teu calor, o teu cheiro ou a tua força ao apertar-me o dedo da mão…fez-me sentir em paz, uma paz que já provei outras vezes, mas que já não acontecia há uns tempos. Sabes pequeno, não te conhecia, mas podia estar ali toda a noite contigo ao meu colo.
Fizeste avivar aquele desejo, sonho ou vontade enorme que tenho aos anos e que nunca neguei, o ser pai. Se senti algo assim contigo, é impossível imaginar o que sentirei um dia ao sentir o calor, o cheiro, o sorriso, o respirar ou a força de um filho meu.

Obrigado por aquele breve momento que durou o resto da noite. Fizeste-me ganhar o dia.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

O dia em que tudo mudaste

Provavelmente não sabias, mas eu nada procurava antes de ti. Eu vivia feliz com a minha vida, dela não desejava nada mais, dela não esperava nada mais. Sentia-me preenchido, sentia-me realizado, sentia que tinha tudo o que precisava.
Foi então que surgiste do nada, naquela mesa de café, no meio de tanta cara desconhecida, foi a tua que me captou todos os sentidos. Foram-me todos apresentados, só o teu nome fixei.
Foi nesse dia que percebi que vivia num vazio camuflado de tudo, foi, ao conhecer-te, que vi o deserto que existia na minha vida. Entraste nela sem pedires licença e desorganizaste todo o meu interior...que continuas a desorganizar a cada passagem, qual furacão!
Percebi que era um espaço à espera, à espera de ser preenchido pelo que de mais maravilhoso existe no mundo…amor.
Sei que tudo o que sinto provavelmente nada significa para ti, sei que todo o turbilhão de emoções que vibra dentro de mim de cada vez que te vejo esbarra no muro que ergueste. Há vozes que dizem que posso (me) perder, porém eu acho que nada tenho a perder, poderei, isso sim, ter tudo a ganhar. Nunca podemos perder o que nunca foi nosso, o que nunca tivemos. Muitas vezes surgiu a dúvida se me iria arrepender de não ter travado isto, de não ter dado meia volta à primeira oportunidade, de não te ter esquecido, de não te ter impedido de ter o papel principal …diria a razão que sim.
Mas sabes, diz o coração (e eu ouço muito o que ele diz) que não…não me arrependo. Acho que andamos neste mundo para nos apaixonarmos, para amarmos, para sentir o que de melhor a vida tem para nos dar. Não andamos aqui para termos e sermos copos meio cheios. Claro que o melhor que poderei alcançar é o teu amor, mas não posso negar que ter-me apaixonado por ti foi o melhor que me aconteceu este ano. Mesmo sendo uma incógnita o dia de amanhã, agradeço-te que, naquele dia, tenhas entrado na minha vida, que me tenhas permitido (sem saberes) voltar a sentir algo que sentia apagado, algo no qual andava descrente, algo que eu já duvidava que algum dia voltaria a sentir.
Sempre fui dos que disse que amor só é possível quando são dois a amar. Não podia estar mais enganado ou então não sei que sentimento é este de querer alguém mais do que quero a mim mesmo.

Amar alguém nunca deve ser sinónimo de vergonha, muito pelo contrário, deve ser sinónimo de orgulho, quando tal sentimento é verdadeiro. Assumo, sem medo e com confiança, a responsabilidade do que sinto por ti, sentimento esse que não procuro esconder, mesmo que ninguém saiba quem és. Sentimento esse que espero que seja capaz de derrubar muros e construir pontes e um dia te faça dar-me a mão. Poderei não ter capacidade para o conseguir, poderei não ser pessoa que aches que mereces, mas um dia certeza terei que tentei…tentei…tentei. Será o suficiente para dizer que nunca lamentarei o amor pelo qual lutei.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O melhor do meu mundo

Minha querida Joana…
Peço desculpa por usar o teu nome neste espaço tão meu, mas se há pessoa que o merece és tu. Foste aquela pessoa que, desde o início da nossa relação, sempre me deu o que eu acho que mereço. Mesmo que numa primeira fase não soubesses o que eu era, a partir do momento em que ganhaste consciência disso, fizeste-me sentir o melhor padrinho do mundo.
Sei que devia de ser ao contrário, mas se há alguém que sempre me acarinhou, que sempre me fez sentir especial, esse alguém foste tu.
Sabes, sinto-me nostálgico…de segurar-te nos meus braços e, ao mesmo tempo, de te ter abraçada a mim. Quando o fazias era incrível como um ser tão pequeno me podia fazer sentir tão único.
Nasceste linda, cresceste magnífica e tornaste-te numa bela mulher. Por muito que me possa apaixonar ou amar nesta vida, tu terás sempre o privilégio de teres sido o meu primeiro grande amor…aquele pelo qual viverei eternamente apaixonado, num amor sem limites.
Mesmo estando mais perto, devido à profissão que abracei, não me será possível estar contigo. Adoro o que faço e sei que implica perder alguns momentos como estes, mas podes ter a certeza que me faz dar mais
valor a todo e qualquer minuto que passo contigo.
Neste dia marcante na minha e na tua vida, desejo-te apenas que continues a ser aquela menina feliz, alegre e encantadora que sempre foste e que me conquistou desde o primeiro minuto. Que tenhas um feliz aniversário minha Princesa.

Beijinho do Padrinho





terça-feira, 18 de outubro de 2016

A Princesa do baile

Estávamos os dois no meio duma multidão de corpos, todos a mexerem-se ao som da música e a visão enublada pelo fumo sufocante. Fechei os olhos uns segundos e, inexplicavelmente, ficamos, eu e tu, frente a frente.
O meu coração pareceu reanimado, a bater forte, bem forte, rápido, muito rápido. Recebi uma espécie de choque que percorreu todo o meu corpo, um choque anestesiante. Podia sentir o teu calor, o teu aroma, a tua presença…não sentia nada mais, não havia nada mais.
Os meus olhos foram hipnotizados ao ver o teu vulto num baile gracioso, como se fosses uma serpente encantada. Os meus braços e pernas limitavam-se a oscilar inconscientemente, comigo a contemplar-te, como se fosses o centro do Universo!
Cada vez mais perto, os teus dedos tocaram nos meus, ou terão sido os meus a tocar nos teus, não sei bem. Ganhei coragem, da mais difícil de conseguir, prendi delicadamente a tua mão na minha, aproximamos-nos, e ao mesmo tempo que te envolvia de forma suave pela cinta, pousavas a tua mão no meu peito.
O tempo parou nesse momento. Segurava nos meus braços o tesouro mais precioso do meu mundo. Dois corpos a dançarem ao som da música, numa sintonia harmoniosa. Dois corações a baterem sincronizadamente, dois olhares encontrados, os dedos finalmente entrelaçados. Senti-me um Príncipe a dançar com a minha Princesa.
De repente acordei deste torpor inebriante e vi-te, distante de mim, naquele meio metro imenso que nos separava. Continuavas a dançar, continuavas encantadora como sempre, continuavas a dominar o meu ser…mas já não estávamos sós, voltávamos a estar rodeados de figuras anónimas. Talvez tenha fechado os olhos apenas por uns segundos, mas foram segundos em que te senti perto de mim, em que te tive nos meus braços, em que fui o homem mais feliz. Não sei se foi sonho ou imaginação, talvez os dois, mas tocaste-me sem me tocar.
Depois dum sonho bom, fica sempre a sensação de vazio por se tratar disso mesmo, dum sonho, mas desta vez não ficou. Ficou, isso sim, a esperança que um dia sejas a mulher que embale nos meus braços, naquela que será a dança perfeita.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Romantismo, espécie em vias de extinção

Recentemente, uma amiga disse-me que o romantismo com que tenho escrito os últimos textos deveria contagiar-se a outras pessoas. Ao que respondi “Acho que falta romantismo ao mundo R.”
Não me querendo apelidar de romântico, terão que ser outras pessoas a dizê-lo, explico o que quis dizer quando digo que o romantismo está em vias de extinção. E não falo apenas do que se refere a questões do “coração”. Também, mas não só.
Antes de mais, para mim romantismo tem a ver com paixão. Só existe romantismo se existir paixão e esta precisa do romantismo para sobreviver.
Falando de relações, é algo que tem vindo a perder-se simplesmente por um motivo. A conquista hoje em dia é algo muito fácil (eu sou sempre a excepção que confirma a regra), as paixões são breves e passageiras, tendendo a acabar quando se enfrentam as primeiras dificuldades. Há dificuldade e falta de vontade em cimentar laços e em construir amores duradouros, só possível, a meu ver, se o romantismo mantiver acesa a paixão ao longo dos anos.
Mas, para mim, a maior falta de romantismo revela-se no dia-a-dia, em tudo o que fazemos. Nos trabalhos, no lazer, nas relações diárias, no fundo, em todos os aspectos da nossa vida. Quantos de nós vão apenas trabalhar por obrigação? Quantos de nós fazem apenas o que têm que fazer no trabalho e nada mais? Quantos de nós dizem gostar do que fazem, mas depois nos locais de trabalho mostram-se poucos disponíveis para colegas ou clientes (no meu caso utentes) ou estão sempre a contar o tempo para sair? Quantos de nós vão para um treino e estão à espera que a hora do treino acabe? Quantos de nós vão tomar cafés com os amigos e estão a contar o tempo para ir para casa? Claro que o facto de vivermos tempos conturbados não ajuda, mas não podemos perder a paixão que nos deve guiar.
Eu não sei se sou romântico ou não. Agora sei que apenas concebo viver de uma maneira. Apaixonado…pelas pessoas e pelo que faço. É tão bom estarmos com alguém ou a fazer alguma coisa e não darmos pelo passar do tempo, mas isto só é possível se estivermos involucrados em sermos e querermos ser apaixonados.
Um dia disse a uma pessoa amiga que não era nenhum Cristiano Ronaldo, mas que queria deixar a minha marca nas pessoas. Felizmente, quer na minha profissão com os meus doentes, quer no Karate com os “meus” meninos, tenho a possibilidade de o fazer. Esperando também ir marcando outras pessoas no decurso da vida.

Sei que é uma visão romântica de viver, mas não digo que seja fácil. Acredito, isso sim, que de coração cheio é muito mais fácil enfrentar as adversidades.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Não és perfeita...

Eu sei que deveria dizer que és perfeita, aquela princesa com que sempre sonhei desde que comecei a pensar nestas coisas. Eu sei, mas como começar alguma coisa com uma mentira?
Deixa que te diga, de forma fria e insensível, tu não és perfeita e soube-o desde o dia em que te conheci.
Não serás a mulher mais bela do mundo e até poderás nem ter um corpo escultural, daquelas que fazem o trânsito parar, mas foi a tua beleza que tornou insignificante a beleza de todas as outras e que acelera o meu coração de cada vez que te vejo.
Não terás, porventura, o sorriso mais encantador do mundo, mas tens aquele que me encanta todos os dias e que faço tudo para que domine as tuas feições.
Nãos tens os olhos mais cristalinos do mundo, mas são eles que prendem o meu olhar, que me fazem vaguear no imaginário do que eles vêem!
Não és uma mulher sem problemas ou preocupações, mas és uma mulher terrena e de carácter.
Não terás sempre dias bons, terás dias de maior cansaço, com mau feitio e teimosia, mas são os dias em que provarás a minha paciência. É o teu mau humor que quero aturar e o de mais ninguém.
Não serás uma mulher de sonho, mas és a que habita os meus todas as noites!

Como podes ver não és perfeita e eu sei disso, mas descobri o tamanho do que sinto por ti no dia em que percebi que tens o fascínio perfeito da imperfeição!


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Viagem diferente

Desde há algum tempo que descobri que, mais do que os lugares, o que realmente conta são as pessoas com quem estamos. Podemos estar no sítio mais agradável do mundo e passar uma má experiência como podemos estar no pior sítio do mundo e a experiência ser amenizada com a companhia que temos.
Compreendo quando as pessoas dizem que não gostam de voltar a sítios onde já foram. Sei que há muito mundo por descobrir e pouco tempo para o fazer. Porém, um sítio visitado com pessoas diferentes em contextos diferentes, automaticamente, torna-se uma experiência distinta.
Já visitei e adorei Barcelona, Roma, Veneza, Florença ou Paris, mas admito que são cidades às quais, pelo seu encanto, gostaria de voltar em outra circunstância.
Estes dias revisitei Lisboa com um grupo de pessoas que, na sua maioria, entraram na minha vida relativamente há pouco tempo. Voltei a locais aos quais já tinha ido, vi outros que ainda não vira, mas posso dizer que foi uma experiência completamente diferente de todas as outras. Tudo devido ao grupo no qual estava inserido, sempre com a boa disposição a dominar.



Há pessoas que nos acrescentam alguma coisa e depois há as outras. Há pessoas em que o tempo despendido com elas não é tempo perdido e que merecem a nossa atenção Há pessoas que nos fazem viver e sentir vivos…pessoas que, simplesmente, valem a pena!

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A cor de uma Mulher


Perguntaram-me um dia “Qual a cor que mais gostas de ver numa mulher?”

Respondi que é o amarelo bronzeado do teu cabelo quando lhe mexes…
Respondi que é o castanho brilhante dos teus olhos quando me olhas…
Respondi que é o rubor envergonhado da tua face quando coras…
Respondi que é o rosa dos teus lábios quando sorris…
Respondi que é o moreno da tua pele quando sem querer me tocas…
Respondi que é a cor das tuas unhas, seja ela qual for…
Respondi que é o branco ou o preto das roupas às quais dás encanto…

Respondi que és tela colorida, vítima da minha contemplação…
Respondi que és tu o arco-íris quem me alegra os dias mais cinzentos…
Respondi que não interessa a cor com que eu mais gosto de te ver, mas sim a cor que me invade quando te vejo…

Respondi que és tu, simplesmente tu e apenas tu!

domingo, 25 de setembro de 2016

As palavras que sempre te direi…




Já lá vai um tempo desde aquele dia, que não me recordo ao certo quando foi, em que me foste apresentada. De um rosto no meio da multidão, passaste a ser o rosto que sobressaía dela. De uma voz desconhecida, passaste a ser a voz que guiava a minha atenção.
Há coisas que carecem de explicação, há outras que simplesmente fogem à razão. Como pode alguém tomar-nos o coração? Não sei se sei ou talvez saiba, mas depois de tomado que interessa isso?
Poderia começar no teu sorriso, sim, esse sorriso que ilumina o dia de qualquer um. Bem, de qualquer um não posso afirmar, mas o meu, ai o meu sem a menor dúvida. Um sorriso que insultuosamente me cativa, que apenas encontra ligeira comparação com aquele que as crianças nos dão.
Seguiria pelo teu olhar, um olhar penetrante e absorvente, mas por vezes distante e ausente. Tem tanto de sincero como de misterioso. Seja como for, é o olhar que queria sobre mim.
Continuaria pelo teu ser, pelo teu maravilhoso ser. É o que tu és, a maior das tuas qualidades. Mas se os olhos são o espelho da alma, tu és um mapa por descobrir. Ou serás antes o navegador perdido, à deriva, esperando ventos favoráveis?
Tudo isto e muito mais, não havendo palavras para o explicar, levou-me a tomar a decisão que, ambos sabemos, te afastou de mim. Sei que se tivesse ficado no meu canto, às tantas não terias andado para trás e me terias conhecido melhor. Às tantas assustei-te, às tantas porque é difícil acreditar que haja alguém que possa sentir realmente aquilo que diz ou que possa realmente ser aquilo que parece ser. Às tantas por isso te fechaste, por isso me evitaste, por isso te seguras a um caminho que dizes não ter saída, mas que conheces bem. Às tantas acho que o teu verdadeiro medo é que te possas magoar.
Eu estendi-te a mão para que pudesses caminhar junto a mim um caminho desconhecido, um caminho em que eu nada posso garantir, a não ser de o querer fazer contigo sem te largar em momento algum. E eu estiquei-me ao máximo para que tu lhe chegasses, para que tu quisesses, ao menos, sentir o toque dos meus dedos. Não quiseste e mantiveste-te de braços cruzados. Eu compreendo, a sério que sim.
Eu afastei-te e tu afastaste-me. Também eu andei perdido, mas farto de esperar por brisas amigas peguei nos remos e retomei o rumo da minha vida. Contudo, por muito que eu não quisesse, fazes parte dela. Por muito que nos afastemos, por muito que finjamos que o outro não existe, quero, acima de tudo, que estejas bem. Descobri, sem querer e quando menos queria, que estou mais perto de te amar do que gostar de ti. Peço-te desculpa, mas não te vou pedir desculpa por isso.

Hoje atraquei o barco nesta praia, uma praia encantadora, na qual gostaria de te ter ao meu lado. Por isso, entrego estas palavras perdidas ao mar, na esperança que um dia as possas encontrar…e, por fim, queiras entrelaçar os teus dedos nos meus.

domingo, 18 de setembro de 2016

O melhor ano da minha vida

Um ano, está a fazer um ano que recebi aquela chamada que fez a minha vida dar uma volta de 180 graus. Parece que ainda foi ontem que tomei a decisão mais determinada, mas mais insegura, da minha vida. Deixar uma vida estável, um local e pessoas conhecidos, para abraçar um novo e desconhecido desafio, mas que era o único caminho possível para o sonho que tinha pendente há mais de sete anos.
Com a voz embargada telefonei à minha chefe (amiga) a comunicar a minha decisão, com as mãos a tremer fui informando as minhas colegas, uma a uma, da minha saída. E, com os olhos nublados e sem ninguém ver, deixei, dias depois, aquela que foi a minha casa nos anos anteriores…e regressei a casa, àquela que me viu nascer há trinta e dois anos, a dar duzentos por cento para agarrar esta oportunidade que me foi dada.
Olho para trás e faço agora o rescaldo deste ano de mudança. Começo pelo meu trabalho. Não vim em busca de um local perfeito de trabalho, isso não existe, acredito, simplesmente, que temos que ser nós a tentar torná-lo nisso. E encontrei um grupo que me recebeu de braços abertos, disposto a aceitar-me como mais um membro da equipa. Acredito também ter contribuído para isso, da pouca experiência que tenho uma certeza ganhei, não podemos pedir confiança assim do nada, ela tem que ser conquistada. E foi isso que, com paciência, procurei ganhar. Muito aprendi num ano, como pessoa e profissional. Não sei se estou no trabalho perfeito, mas estou, sem dúvida, onde quero e com as pessoas que quero.
Este regresso permitiu-me começar a dar aulas de Karate, outro sonho pendente. Ver aquelas crianças crescerem dia-a-dia, vê-las a aprender, a ultrapassar medos e dificuldades, foi das melhores experiências que tive até hoje. Espero também ter ganho o respeito e carinho delas, assim como elas ganharam o meu. Souberam conquistar-me. E começa de novo outro ano, com a continuação do trabalho do ano anterior e com novas crianças, sendo cada uma delas um novo desafio que tenho pela frente.
Este ano que passou permitiu-me viver ainda mais de perto velhas amizades. Das verdadeiras, daquelas que não há nada que as pague. Ficam outras agora com o peso da saudade, mas não receio por elas, pois sei que são para ficar, como pude comprovar.
Além das velhas amizades, foi ano de conhecer novas pessoas. Pessoas que foram ganhando o seu espaço na minha vida, outras no meu coração. Pessoas todas elas diferentes, todas elas com algo a acrescentar-me.
Apesar de não ter tido tudo o que queria, sinceramente não há nada que possa dizer que correu mal ou que me tenha arrependido de fazer ou não fazer. Foi o melhor ano da minha vida, aquele que me deixou mais completo.

Agradeço tudo o que me deram e dão, todos os momentos juntos, tudo o que me fizeram e fazem sentir. Prometo que vou continuar com a mesma ilusão na busca do que quero, aquela ilusão que me fez regressar há um ano e a dar tudo de mim em busca da felicidade.